drown
pensei ter conhecido todos os amores possíveis quando te encontrei, só para ter certeza que estive errada todo este tempo. nada que vivi se compara a eletricidade que atravessava meu corpo ao tocar seus dedos nervosos sob as mesas. sempre me vi tão cheia de confiança, o coração tão intacto que mostrava-se impenetrável a qualquer um. qualquer um, menos você. você venceu meus limites com a delicadeza, empurrou minhas linhas com o costume que tocava meus cabelos bagunçados. sua abordagem sutil não disparou nenhum alarme porque nunca tive configurações para te reconhecer como ameaça [e você era. quem está te amando agora? sei que alguém está te amando. conquistando corações em série, sem pausas, para preencher vazios que eu nem pude vislumbrar porque tudo em ti é lacrado, mesmo quando finge não ser. me vi enganada pela sua suposta sinceridade e você usou meu amor como armadura, usou meu afeto como espelho. como poderia não haver ninguém enfeitiçado pelos seus lábios rosados e voz cativa? voei alto em seus braços, sob suas asas, antes de perceber estarmos na verdade caindo. o ar atingindo forte meu rosto confirmava a queda brusca, desesperada procurei por algum apoio e, somente aí, te vi ainda intacto enquanto tudo em mim se chocava com o solo rígido da realidade. destruída, te vi brilhar forte para longe de todo amor que te entreguei. então me diga, quem está te amando agora? não, minta! quem está te amando agora além de mim?